Por que essa seriedade em fazer as coisas que faz?
Vamos fazê-las bem arrazoadas
Pra quebrar o cotidiano
Vamos fazê-las sem motivos
Sem certezas ou emoções de amanhã
Sem as memórias do que somos
Acúmulos de memórias que somos
Lembramos apenas do que somos
Lembramos do que é
Do que se é
Não lembraríamos do que não somos
Do que não se é
Esvaziem vossas caixas de palavras razoáveis
Esvazie-se dos conteúdos alheios
Aproveite seu tormento na melhor dança
Sua melhor comida burguesa
Leia os clássicos e sinta-se um erudito
Conheça os fatos curiosos da história
Sorria para câmeras de segurança
Dance no corredor do shopping
Por que essa seriedade em fazer as coisas que faz?
Subamos os picos mais altos
Nos caminhos sagrados
Nas avenidas estreitas da antiguidade
Nos vilarejos do amor
E escrevamos sobe tudo isso
O nosso tempo passa mesmo
Passa em passadas passageiras de crianças
Passarelas do passado, as sátiras das andanças
Passa, passa, passa... pássaros aversivos
Passamos passaduntes em passos altivos
Ultrapassar o sentido da sujeira
Depois e apenas depois peça o preço dela
Sinta amortecido pela inspiração
Momentaneamente inspirados
Montamos o quebra cabeças
Apenas isso, desmontar o quebra-cabeça
Por que essa seriedade em fazer as coisas que faz?
(William Cazavechia) Adaptado